sábado, 29 de setembro de 2007

pai, as lições que me deste não servem para nada...

com esta idade já se viveu alguma coisa. já se aprendeu muito sobre o que é a vida. pelo menos sobre a ideia que a gente faz sobre o que é a vida, porque desconfio que a gente mal a conhece...

a vida são as pessoas que nos rodeiam, é o tentar encaixar-nos no umbigo donde nascemos e fazer tudo por lhe agradar. é a falsidade e inocente hipocrisia em cada um dos nossos milhões de sorrisos mais convenientes que sentidos. a educação, reputação, a imagem, o nome e a dignidade.

a vida também são os outros. aqueles perante os quais não queremos mostrar fraqueza. também aqui é toda a falsidade e a construção de uma imagem (não passa disso) de auto-suficiencia, auto-controle, invulnerabilidade, desprendimento, auto-promoção; demonstração de capacidades: uma antologia de publicidade enganosa. numa palavra, a vaidade.
a vaidade é a nossa coluna vertebral.

a vida é o trabalho. a vida é sobreviver. sobreviver de esquemas ou sobreviver de trabalho. a vida é o pão que comemos cada dia, o trigo de que ele é feito, e a terra de onde ele cresce.
sobreviver é sorrir amavelmete para o nosso chefe e condescendentemente para o nosso subaleterno. sobreviver é amar o amarelo do ouro. é aceitar amá-lo sem ter nada em troca. sobreviver é estudar, e não necessáriamente porque tenhamos curiosidade.
em duas palavras, sobreviver é dinheiro e poder.

a vida também é sentir. é sonhar com um beijo, adormecer num abraço e acordar num orgasmo. viver também é vender a alma por um sentimento. e jogar em tabuleiros de todas as formas geométricas imaginaveis. é a brasa de uma paixão e o gelo da desolação. a luta por todas as formas colorida.

a vida é o tédio! e alguém se gaba de não o ter como uma fiel presença ? só chega a velho quem aprendeu a suportar o tédio. essa arte nobre de afogar a vontade e enfrentar os infinitos movimentos destituidos de sentido. suportar o tédio é saber que não e fazer que sim com a cabeça. é continuar a carregar no botão do comando, ouvir pela trilionésima vez a mesma música. repetir palavras, repetir frases, gargalhadas forçadas.
nem quando suspiras eu te vejo a sair do tédio!

suportar o tédio.
fotocopiar os dias.
viver a esperar a morte.
eternamente para sempre.
não ter escolhido, mas observar que a vida são altos e baixos, e criar-se uma opinião que o justifique.
dizem eles: 'é a vida...'

uma merda, digo eu
para que é que falam ?
porque é que me quiseram ensinar aquilo que não sabem?
que nem sequer desconfiam...

2 comentários:

Anónimo disse...

uma Lágrima e um Sorriso...

Escreves bem.

Gosto muito de ti meu Amigo.

Beijinhos**

AR disse...

sem dúvida que és psicadélico....como eu! ou psico-lógico?

;)*

b gud

p.s - aprender + ensinar + errar = viver